Albert Camus
Nasceu em Mondovi em 7 de novembro de 1913 e veio a falecer em villeblevin em 1960 foi um escritor, romancista, ensaísta, dramaturgo e filósofo francês nascido na Argélia. Foi também jornalista militante engajado na Resistência Francesa e nas discussões morais do pós-guerra. Na sua terra natal viveu sob o signo da guerra, fome e miséria, elementos que, aliados ao sol, formam alguns dos pilares que orientaram o desenvolvimento do pensamento do escritor.
De pai francês e mãe de origem espanhola, cedo Camus conhece o gosto amargo da
morte. Seu pai morreu em 1914, na batalha do Marne
durante Primeira Guerra
Mundial. Sua mãe então foi obrigada a mudar-se para Argel,
para a casa de sua avó materna, no famoso bairro operário de Belcourt onde,
anos mais tarde, durante a guerra de descolonização da
Argélia houve um massacre de árabes.
O período
de sua infância, apesar de extremamente pobre é marcada por uma felicidade
ligada à natureza, que ele volta a narrar em O Avesso e o Direito, mas
também em toda a sua obra. Na casa, moravam além do próprio Camus, seu irmão
que era um pouco mais velho, sua mãe, sua avó e um tio um pouco surdo, que era tanoeiro, profissão que Camus teria seguido se
não fosse pelo apoio de um professor da escola primária Louis Germai, que viu
naquele pequeno pied-noir um futuro
promissor. A princípio, sua família não via com bons olhos o fato de Albert
Camus seguir para a escola secundária, sendo pobre, e o próprio Camus diz que
tomar essa decisão foi difícil para ele, pois sabia que a família precisava da
renda do seu trabalho e, portanto, ele deveria ter uma profissão que logo
trouxesse frutos - como a profissão do seu tio. No fundo, Camus também gostava
do ambiente da oficina onde o tio trabalhava. Há um conto escrito por ele que
tem como cenário a oficina, e no qual a camaradagem entre os trabalhadores é
exaltada.
Sua mãe
trabalhava lavando roupa para fora, a fim de ajudar no sustento da casa.
Durante o segundo grau, ele quase abandonou os estudos devido aos problemas
financeiros da família. Foi neste ponto que um outro professor foi fundamental
para que o ganhador do prêmio Nobel de 1957
seguisse estudando e se graduasse em filosofia: Jean
Grenier. Tanto Grenier quanto o velho mestre Guerin serão lembrados,
posteriormente, pelo escritor. O Homem Revoltado (1951) é dedicado a
Grenier, e Discursos da Suécia (que inclui o discurso pronunciado por
Camus, ao receber o Nobel)] a
Germain.
Sua
dissertação de mestrado foi sobre neoplatonismo e sua tese de doutoramento, assim como a de Hannah Arendt, foi sobre Santo Agostinho.
Mas, neste
momento, o absurdo da existência se manifestou mais uma vez na vida de Camus.
Após completar o doutoramento e estar apto a lecionar, sua saúde lhe impediu de
se tornar um professor. Uma forte crise de tuberculose se abateu sobre ele
nesta época. Ele era tuberculoso havia já algum tempo. Esta doença lhe deu a
real dimensão da possibilidade cotidiana de morrer, o que é fundamental no
desenvolvimento de sua obra filosófica /literária. A tuberculose também o
impediu de continuar a praticar um esporte que tanto amava e lhe ensinou tanto:
Camus era o goleiro da seleção universitária. Conta-se que um bom goleiro. E
seu amor para com o futebol seguiu-o durante toda a vida. E uma das coisas que
mais o impressionou quando da sua visita ao Brasil em 1949 foi o amor do
brasileiro pelo futebol. Conta-se que uma das primeiras coisas que Albert Camus
fez ao pisar no Brasil foi pedir para que o levassem para assistir a uma
partida de futebol. Um pedido bastante incomum para um palestrante.
Em 1938,
Camus ajudou a fundar o jornal Alger Républicain
e durante a Segunda Guerra Mundial
até 1947, colaborava com o jornal Combat,
além de ter colaborado no jornal Paris-Soir
Albert
Camus, desenho de Petr Vorel
Entre os
dias 5 e 7 de agosto de 1949, em visita ao Brasil, Camus foi até Iguape conhecer a festa em louvor ao Senhor Bom Jesus de
Iguape, acompanhado de Oswald de Andrade, Paul
Silvestre, um adido cultural francês, e Rudá de Andrade, filho de Oswald, além do
motorista. O grupo ficou hospedado em um quarto do hospital "Feliz
Lembrança", haja vista, todos os hotéis estarem lotados. Dessa visita
surgiu o conto -um tanto irônico- intitulado "La
Pierre qui pousse" (A Pedra que brota), em seu livro "O Exílio e
o Reino"[8], sobre um engenheiro francês d'Arrast
em passagem por Iguape. A santa imagem, após ser encontrada na praia do Una, na
Jureia,
em 1647, foi levada à principal fonte do município,
onde deveria ser lavada para remoção da areia e do sal. No local onde está a
pedra que cresce foi construída uma pequena capela abobadada, popularmente
chamada de Gruta do Senhor. Os romeiros, acreditando nos
poderes milagrosos da pedra sobre a qual havia sido colocada a imagem para ser
lavada, começaram a retirar-lhe lascas. Após séculos tendo lascas removidas,
porém, a pedra continuava com o mesmo tamanho, dando origem à lenda da pedra
que cresce.
Sob estas
diretrizes, não é sem sentido que sua obra (filosófica e literária) tenha o
absurdo como estandarte. Grosso modo, seus livros testemunham as angústias de
seu tempo e os dilemas e conflitos já observados por escritores que o
precederam, tal como Franz Kafka, Dostoiévski. Esta proximidade entre Camus e estes
dois autores evidencia uma cadeia que se estende até os dias atuais, indica a
fonte de um movimento heterogêneo - abrange arte, teatro, literatura, filosofia
-, que por conveniência poderemos identificar como a estética do absurdo.
Alguns ilustres filiados a este movimento cujo foco é o absurdo são eles: Samuel Beckett e Eugène Ionesco.
Mudou-se
para a França em 1939, pouco antes da invasão alemã. Mudou-se principalmente
devido à polêmicas com as autoridades francesas na Argélia. Ele havia publicado
uma série de ensaios sobre o tratamento que os árabes recebiam por parte dos
franceses na Argélia, pois os árabes não eram considerados cidadãos franceses e
portanto eram subjugados a um governo no qual nem ao menos podiam votar.
Crianças árabes morriam de fome, não tinham atendimento médico. Camus nessa
época também fazia parte do Partido Comunista, do qual se desvinculou pouco
tempo depois. Sua esposa e filhos permaneceram na Argélia e devido à guerra nem
Camus pôde voltar à Argélia, nem sua esposa e filhos puderam vir para a França.
Ele ficou em Paris durante o começo da ocupação nazista, trabalhando em um
jornal. Devido a censura e a vigilância costante dos nazistas a maior parte dos
jornalistas franceses muda-se para a região da França de Vichy. Começa a
participar do Núcleo de Resistência à ocupação chamada Combat, tornando-se um
dos editores do jornal de mesmo nome.
Seu
primeiro livro "O Avesso e o Direito" assim como "Bodas em
Tipasa" foram publicados quando ele ainda residia na Argélia. Mas durante
o tempo da ocupação além de trabalhar em jornais e editar o jornal clandestino
Camus se dedicou a outra de suas paixões o Teatro. Ele já havia participado de
um grupo de teatro ligado ao partido comunista quando ainda morava na argélia,
e ao sair do partido comunista montado um outro grupo que apresentava peças
clássicas de teatro aos trabalhadores.
Conhece Sartre em 1942
e tornam-se bons amigos no tempo de pós-guerra. Conheceram-se devido ao livro
"O Estrangeiro" sobre o qual Sartre escreveu elogiosamente, dizendo que o autor seria uma
pessoa que ele gostaria de conhecer. Um dia em uma festa em que os dois
estavam, Camus se apresentou ao Sartre, dizendo-se o autor do livro. A amizade
durou até 1952, quando a publicação de "O Homem Revoltado" provocou
um desentendimento público entre Sartre e Camus.
Camus
morreu em 1960 vítima de um acidente de automóvel. Em sua
maleta estava contido o manuscrito de "O Primeiro Homem", um romance
autobiográfico. Por uma ironia do destino, nas notas ao texto ele escreve que
aquele romance deveria terminar inacabado. Ao receber a noticia da morte de sua
filha Catherine Hélène Camus apenas pode dizer: "Jovem demais".
Coincidentemente ele também morre no mesmo ano: 1960.
Uma
curiosidade sobre o acidente de automóvel: Camus não deveria ter feito a viagem
para Paris de carro junto com os Gallimard (Michel, Janine e a filha deles
Anne). Ele iria fazer esta viagem com o poeta René Char, de trem. Mas, por
insistência de Michel, ele resolve ir de carro com eles. Char também foi
convidado, mas não quis lotar o carro, além de já haver comprado sua passagem
(Camus também já tinha seu bilhete de trem comprado quando foi convencido a ir
de carro). No acidente de automóvel o Facel-Véga de Michel se espatifou contra
uma árvore. Apenas Camus morreu na hora. Michel morreu no hospital 5 dias
depois. O relógio do painel do carro parou no instante do acidente: 13h 55min.
Encontra-se
sepultado no Lourmarin Cemetery, Lourmarin, Provença-Alpes-Costa
Azul na França
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