Aprovação de ministro da Saúde é mais que o dobro que do Presidente Jair Bolsonaro
Pesquisa divulgada hoje (03) pelo Datafolha aponta que a crise do coronavírus desgastou a imagem do presidente da República, Jair Bolsonaro. Em relação à sondagem da semana anterior, a avaliação “ruim/péssimo” do desempenho de Bolsonaro cresceu seis pontos percentuais.
Embora o presidente ainda preserve 1/3 do eleitorado, ocorreu uma oscilação negativa de dois pontos percentuais na avaliação “ótimo/bom”, o que, combinado com o crescimento da avaliação negativa, mostra um viés negativo na avaliação do desempenho presidencial.
Outro indício na corrosão da imagem de Bolsonaro é o fato dele ter alta desaprovação entre pessoas com ensino superior (50%) e entre o grupo do eleitorado com renda salarial acima de dez salários mínimos (46%) – segmentos que desde as eleições de 2018 estavam ao lado do presidente.
Alçado à condição de protagonista na crise do coronavírus aparece o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A avaliação positiva de sua pasta cresceu 21 pontos em relação à semana anterior. Hoje, a aprovação do desempenho do ministro é mais do que o dobro daquela obtida por Bolsonaro.
Como consequência, Mandetta forma, ao lado dos ministros Paulo Guedes (Economia) e Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública), uma espécie de tripé de sustentação de governo.
Defensores das medidas de isolamento social, como o Ministério da Saúde, os governadores e prefeitos também registraram um aumento de popularidade.
Quem também está bem avaliado é o ministro da Economia, Paulo Guedes. Seu trabalho é considerado “ótimo/bom” por 37% dos entrevistados. 28% avaliam o trabalho de Guedes como regular. Apenas 20% têm uma avaliação negativa de seu desempenho.
O resultado do Datafolha deve ser visto com atenção pelo Palácio do Planalto. Embora a construção de narrativas polêmicas seja importante para o presidente Jair Bolsonaro manter mobilizada a base social bolsonarista, a sondagem mostra que Mandetta, governadores e prefeitos, por meio das medidas de isolamento social, conseguem se conectar com a grande preocupação da opinião pública: o medo do coronavírus.
Mesmo que a questão econômica também preocupe, esse tema fica em um plano secundário. Ou seja, os números do Datafolha apontam que a tentativa de Bolsonaro em antagonizar Mandetta no tema do isolamento social significa um erro de cálculo político.
Assim, rever tal posição precisa ser considerado pelo presidente, pois a popularidade que Luiz Henrique Mandetta adquiriu – combinada com a relação que ele construiu com governadores, prefeitos, parte do Judiciário, outros ministros e os meios de comunicação – pode isolar cada vez mais Bolsonaro caso ele insista no equívoco de continuar minimizando a necessidade das medidas restritivas como forma de combater a pandemia.
Caso o presidente não faça ajustes no seu posicionamento, tal isolamento poderá vir acompanhado de uma perda de popularidade ainda maior nas próximas semanas. Isso porque há a expectativa de que neste mês o país registre uma alta significativa de novas contaminações e mortes causadas pelo covid-19.
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