A Polícia Federal faz busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro
A Polícia Federal cumpriu pela manhã mandado de busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), localizada em um condomínio no Jardim Botânico, em Brasília. Na operação também foi preso o tenente coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, bem como outras cinco pessoas, envolvidas em fraudes em certificados de vacinação contra a covid-19 no sistema do Ministério da Saúde.
Os suspeitos agiram para inserir dados falsos sobre imunização no sistema entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, conforme informou a PF. A suspeita é de que as informações cadastradas tenham sido fraudadas para emitir certificados de vacinação em nome de pessoas que não foram efetivamente imunizadas.
Para os policiais envolvidos na operação, Bolsonaro tinha “plena ciência” da fraude em sua carteira de vacinação. As suspeitas de fraude tinham por objetivo, conforme o inquérito, burlar a exigência do comprovante de vacinação para viagens internacionais.
Desta forma, seriam contornadas restrições sanitárias impostas pelo Brasil e pelos Estados Unidos em meio à pandemia. Batizada de Venire, a operação foi determinada pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, relator do inquérito das milícias digitais.
Os investigadores afirmam que os certificados de vacinação de Bolsonaro e da filha dele, Laura, de 12 anos, teriam sido adulterados às vésperas das viagens da família aos EUA, no fim de dezembro do ano passado, antes da posse de Lula.
As fraudes teriam sido operadas a partir de interferências no sistema de dados do Ministério Saúde por parte de um médico, funcionário d prefeitura de Cabeceiras, em Goiás, e concluídas na prefeitura de Duque de Caxias (RJ), com a ajuda de uma servidora municipal e de políticos locais.
A suspeita de adulteração do cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de sua filha mais nova, Laura, caso seja confirmada, pode levar o ex-presidente a responder por seis crimes previstos no Código Penal.
A Polícia Federal afirmou que os fatos investigados configuram, em tese, a prática de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores. Criminalistas apontam a hipótese de prática de falsidade ideológica e de uso de documento falso.
A Polícia Federal apreendeu na casa do tenente Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, dinheiro em espécie durante a busca e apreensão realizada ontem. Foram encontrados US$ 35 mil (cerca de R$ 175 mil) e mais R$ 16 mil.
O ex-ajudante de ordens foi preso pela PF sob suspeita de participar de esquema de falsificação de carteiras de vacinação. Mauro Cid era uma espécie de braço direito de Bolsonaro, relação que o levou a entrar na mira da PF. Ele foi um dos indiciados pelo vazamento da apuração utilizada por Bolsonaro em uma transmissão de 4 de agosto de 2021, em que contestou a segurança do sistema eleitoral e levantou suspeita de fraude nas eleições de 2018.
Os investigadores identificaram a atuação de Cid na emissão do certificado de vacinação considerado “ideologicamente falso” de Bolsonaro. O comprovante do ex-presidente foi emitido pelo aplicativo ConecteSUS por um computador cadastrado no Palácio do Planalto.
O cartão aponta que Bolsonaro teria recebido três doses da vacina contra a covid-19: uma Janssen e duas Pfizer, o que ele nega. Segundo a PF, o computador usado para acessar o aplicativo em duas ocasiões, nos dias 22 e 27 de dezembro de 2022, pertence à Presidência da República.
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