É dada a largada da disputa pela presidência da Câmara dos Deputados.
Nesta quarta-feira (9), três dias após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que proibiu Rodrigo Maia (DEM-RJ) de tentar se reeleger presidente da Câmara dos Deputados, foi dada a largada para a disputa pela mesa diretora. Ao mesmo tempo em que o deputado Arthur Lira (PP-AL) lançava oficialmente sua candidatura, Maia dava uma entrevista coletiva, como forma de desviar as atenções do evento do rival.
No mesmo dia, Maia oficializou o bloco parlamentar que deve apoiar um candidato indicado por ele. Ainda assim, a quarta-feira foi de derrota para o atual presidente da casa. Menor do que o planejado, o grupo será formado inicialmente por 6 partidos: PSL, MDB, PSDB, DEM, Cidadania e PV. No total, as siglas somam 147 parlamentares. Contudo, também pesa contra Maia o fato do PSL estar rachado, com cerca de metade dos parlamentares se declarando bolsonaristas, portanto inclinados a votar em Lira.
Chamou atenção no bloco de Maia a falta do Republicanos, mas também, ainda que já fosse esperada, a falta dos partidos de esquerda, que Maia vem cortejando há semanas.
O motivo da indecisão é a investida do próprio Arthur Lira em direção à oposição. O líder do PP tem falado em independência da Câmara e tentando se desvincular da imagem de “candidato do Bolsonaro”.
“Todo diálogo começa largo e amplo, respeitando minoria, oposição, regimento, toda a sua pluralidade. A maioria no sistema democrático sempre vence, e o plenário é soberano”, disse Lira no evento em que lançou oficialmente sua candidatura.
Indicativo de apoio do PSB
A investida já começa a dar resultados. A direção nacional do PSB anunciou um indicativo de apoio a Lira. O líder do centrão esteve com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e com o presidente do PSB, Carlos Siqueira. Se a bancada socialista seguir o indicativo dos dirigentes do partido, Arthur Lira ganhará mais 30 votos, o número de deputados da bancada pessebista.
Frente a esses avanços do rival, em sua entrevista, Rodrigo Maia decidiu aplicar a estratégia contrária: disse repetidas vezes que Lira é o candidato de Bolsonaro e que o objetivo de rival é emplacar na Câmara a pauta de costumes defendida pelo presidente da República, mesmo se isso significar deixar de lado a pauta econômica, que é consenso entre os dois candidatos.
“O governo está desesperado para tomar conta da presidência da Câmara, para desorganizar de uma vez por todas a agenda do meio ambiente, para flexibilizar a venda e entrega de armas neste País, entre outras agendas que desrespeitam a sociedade brasileira e as minorias”, avaliou Maia.
Cabo de guerra pela esquerda
Apesar da posição do PSB, outros partidos de esquerda ainda não definiram em qual lado ficam nessa briga. Em reunião interna, no começo do mês, a bancada do PT na Câmara decidiu que é favorável à participação no bloco parlamentar de Maia. Contudo, a decisão final é do diretório nacional do partido, presidido por Gleisi Hoffmann.
O tema já foi pautado em diversas reuniões do partido, mas a decisão tem sido postergada diversas vezes, à espera de que Rodrigo Maia anuncie qual será o candidato apoiado por ele para a presidência da Câmara. Uma reunião está marcada para esta sexta-feira (11), mas, se o grupo de Maia não oficializar um candidato, a decisão pode ser novamente adiada.
Além de ser o partido com a maior bancada da Câmara, com 54 deputados, a decisão do PT também é aguardada por outros partidos de esquerda, que planejam agir em sintonia em caso de aliança ou de lançamento de um candidato próprio.
Ao O Brasilianista, a líder do PCdoB na Câmara, deputada Perpétua Almeida disse que o partido busca ter uma posição alinhada com outros partidos de oposição, por isso a deliberação que era prevista para a semana depois das eleições municipais foi adiada para a semana que vem.
Na avaliação da parlamentar, a adesão do PSB ao grupo de Lira não deve motivar outros partidos de esquerda. “O Lira tem muitas relações na casa. Está em campanha há 2 anos, desde a última eleição. É natural que tenha influência. Mas não creio nessa possibilidade [de que outros partidos de oposição apoiem Lira]”, avaliou.
Para ser eleito, o candidato à presidência da Câmara precisa de maioria absoluta dos votos (257) em primeira votação ou ser o mais votado no segundo turno.
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